terça-feira, 13 de maio de 2008
Fernando Raposo Magalhães: "a minha primeira ida ao hospital"
No primeiro dia em que acompanhava a minha Senhora para uma visita ao Almirante, quedei-me pela sala de espera em virtude de me encontrar impróprio para consumo, ou seja, atacado de constipação ulcerosamente ranhosa, e logo ali se estabeleceu uma conversa de doenças em que cada um quis mostrar que a sua doença era melhor do que a do vizinho mesmo estando ali muitos amigos e amigas minhas e também o Presidente da República, o Primeiro Ministro e um outro senhor de grandes entradas e enorme verborreia, que segundo me disse o Tiago, era o impagável Santana Lopes que eu não conheço mas parece que é um grande farsante, e, é claro que quando me apercebi da presença de tão Augustas personagens me reduzi à expressão da minha pequenez quieto calado e mudo, tendo tentado mesmo abandonar aquela sala de notáveis no que fui impedido por dois brutamontes da Pide, que eu julgava extinta, mas afinal tinha sido recuperada para cooperar na defesa dos pobres e desamparados, e que logo me pregaram tremendo chapadão que agora é que percebo pelo que passou o Cunhal e o Major Valentim Lourenço de triste memória, mas, voltando à minha história fiquei muito traumatizado quando os Pides me disseram daqui não sai ninguém até sair o nosso primeiro por causa dos atentados, ora eu pensava que já vivíamos em democracia e que a Pide era eficiente mas afinal não era porque se fosse já teria prendido o Lopes que tem andado a atentar contra a nossa inteligência há um ror de tempo e ninguém o manda “à merda”, enfim, para encurtar razões resolvi passar-me para o quarto do Almirantado mesmo sabendo que não o devia fazer o que percebi logo que levei outro grande chapadão desta vez da Sofia, que me enfiou uma máscara daquelas que usava o mausão da guerra das estrelas que também era negro como eu e como não estava habituado a estas modernices espirrei e engasguei-me e projectei a máscara mais o respectivo vomitado na cara do Coronel Baeta que tem cento e cinquenta anos e ali estava a visitar o seu antigo e felizmente mais novo companheiro de armas, o que acabou por não ser mau porque o Coronel que ali se encontrava já há quatro horas acabou por se pisgar gritando que estava cego e ainda bem porque o Té que tinha estado muito animado já estava verde de raiva e deitava o Coronel por todos os poros pelo que em vez de mais um chapadão apanhei uma grande salva de palmas e vá lá entender-se os costumes de agora……..
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário